Partamos do princípio: as escolas
tradicionais são hegemonia no país. As opções de escolas com novas didáticas
são, em sua maioria, para instituições privadas em que os pais devem
disponibilizar de um capital financeiro que não possuem famílias menos
favorecidas. Esse novo modelo já implica numa divisão classista da sociedade
uma vez que oportuniza uma parcela selecionada da população para fazer parte de
um tipo diferente de aprendizagem escolar.
Não descarto, desta forma, os
pontos negativos do ensino tradicional: a disciplina, o ensino fragmentado, o
trabalho escolar executado sob vigilância, “exaltação” de erros dos alunos. Porém,
acredito que é a didática tradicional que é possível ser aplicada no atual
contexto histórico-social em que estamos inseridos. Vejo ainda que a própria
transposição de conteúdo, como é feita atualmente atinge “sucesso” na maioria
dos casos, isto é, o educador não tem ferramentas, tempo, nem
reconhecimento/remuneração adequados para tratar das individualidades dos
alunos.
Isto implica, certamente, numa
disparidade de conhecimento quando avaliados no vestibular. Quando os alunos de
diferentes lugares, escolas e contextos são avaliados de forma semelhante disputando
uma mesma vaga perpetua-se o modelo de ensino tradicional. Não há como, pelo menos
no momento em que estamos, avaliar o aluno pelas suas qualidades e não pelos
seus erros, como é feito.
Por isto acredito que as mudanças
buscadas pelas novas didáticas são importantes se partirem do pressuposto que
devem ser geridas pelo governo e aplicadas como um todo, sem priorizar tipos
distintos da sociedade. Só assim, vejo uma luz de revolução no ensino. Um professor
que chega em sala com o intuito de mudar o que é feito por anos a fio vê-se
barrado por burocracias e disciplinas, num sentido Foucotiano da palavra,
arraigadas nos seus colegas de profissão que não permitirão mudanças, uma vez
que para mudar é preciso pensar e agir diferente.

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